A Integracao da TICs no Curriculo do ESG...
Francisco Sampaio. Mestrando da Universidade Pedagogica Delegacao da Beira no Curso de
Desenho de Sistemas de Educacao. Docente de Profissao e motivado na Evolucao dos Progressos Educativos.
Lista de Abreviaturas
PCESG – Plano Curricular do
Ensino Secundário Geral
MINED – Ministério de
Educação
TICs – Tecnologias de
Informação e Comunicação
ESG – Ensino Secundário
Geral
Resumo
A realidade das novas
tecnologias de informação e comunicação traduzidas no plano curricular do
ensino secundário geral, abarca um campo amplo onde o seu potencial deriva do
uso combinado dos elementos como tratamento, armazenamento e recuperação de
informação; transmissão de informação e manipulação de informação.
O recurso a tecnologia
de informação e comunicação no ensino, será necessário como uma das componentes
que a escola poderá recorrer de forma a socializar os seus alunos sem descorar
todos os métodos e estratégias que os docentes utilizam, pois será todo esse
conjunto de procedimento que irá determinar o tipo de interacção que se
estabelece como meios de ensino.
Neste caso, no
currículo do ESG refere que as TICs oferecem potencialidades imprescindíveis a
educação e formação o que leva a que essa aprendizagem ao longo da vida seja
adicionada em função do desenvolvimento delas, traçando novos objectivos educacionais
e novas formas de trabalho para o processo de ensino-aprendizagem
Palavras-Chaves: Tecnologia;
Comunicação; Informação; Currículo; Ensino; aprendizagem.
A
forma como hoje nos comunicamos uns com os outros, é o resultado de várias
inovações nos últimos tempos e permitiu que se faça o uso de algumas
componentes essenciais para a comunicação como o computador, modem, telemóveis,
sistemas de fibra óptica, internet se chegue cada vez mais longe e cada vez
mais depressa. Essas inovações modernas, se assumiram em pouco tempo, como
ferramentas poderosas de informação e comunicação, que a certo ponto, modificou
em grande medida o nosso dia-a-dia.
Ninguém
pode ficar alheia a essa nova realidade, nem mesmo a escola, que é onde os conhecimentos
são transmitidos, assim como os professores que são chamados a responsabilidade
de garantir o ensino e os alunos a quem os conhecimentos são transmitidos. Neste
contexto, a escola deve assumir um papel determinante na preparação e no
desenvolvimento intelectual e humano, o que implicaria que os professores reflectissem
sobre a modernidade tecnológica que a sociedade avidamente procura e sobre os
conceitos e valores que aluno transporta para a escola.
No
contexto educacional moçambicano, o Plano Curricular do Ensino Secundário Geral
(PCESG), privilegia as tecnologias de Informação e Comunicação na área curricular
de Actividades Práticas e Tecnológicas, em que justifica-se a introdução da
disciplina de TIC, na perspectiva de tornar ESG mais relevante e
profissionalizante, para responder os desafios da globalização. (MINED, 2007). Sendo
assim, “o desenvolvimento da tecnologia em todos os campos que constitui a vida
do homem moderno, é um facto evidente, aspecto a que também não escapa ao
terreno educativo”. (Blanco & Silva, 1993:31).
O
desenvolvimento dessas tecnologias está a ter grandes influências na educação e
a integração das TICs nas práticas lectivas é uma necessidade cada vez mais
sentida na escola, uma vez que constitui uma nova ferramenta de trabalho que da
acesso a uma grande quantidade de informação e que aproxima e viabiliza o
trabalho de pessoas e instituições distantes umas das outras.
1.
Objectivos
Objectivos
são uma condição para alcançarmos aquilo que se almeja. Eles servem como uma bússola
orientadora dos nossos passos e caminhos para chegar onde se pretende. Os
objectivos desdobram-se em:
1.1.Objectivo Geral:
- Identificar
a relação existente entre o currículo do ESG face as TICs.
1.1.1. Objectivos
Específicos
- Analisar
os programas de ensino das TICs.
- Verificar
o índice de utilização e recurso a novas tecnologias de informação e comunicação.
·
Discutir a pluralidade
de orientações para uso das TICs no PCESG.
1.2. Problema
No
actual panorama educativo moçambicano, verifica-se muitos trabalhos e investigação
relacionadas as TICs, no que diz respeito a sua aplicação no processo de
ensino-aprendizagem e da sua importância a nível de questões metodológicas e didácticas.
No entanto, constatamos dificuldades em se apresentar estudos que clarifiquem a
relação, aplicabilidade, o uso e recurso que os professares fazem das TICs.
Ø Ausência
de material didáctico para o uso das TICs;
Ø Fraco
domínio especializado dos docentes em relação as TICs;
Ø Não
se observar no PCESG o fundamento TIC na sua dimensão macro.
1.4. Metodologia do
trabalho
Em
termos metodológicos, importa referir que neste trabalho por um lado,
conjugar-se-á a revisão de literatura que consistirá na consulta de obras que
trazem estudos relacionados com as TICs, onde faremos a apresentação dos pontos
de vista de diversos autores que enveredam nesta área (TICs) e, por outro lado,
trata-se de um ensaio analítico e crítico concernente à reflexão do uso das
novas tecnologias de informação e comunicação no currículo escolar moçambicano.
Na
subsecção que se segue vamos apresentar a revisão da literatura e, nela
discutir-se-ão os pontos de vista de alguns autores que tratam do assunto.
II. Pressupostos
Teóricos
No
que se refere as TIC, Pinto (2002:58), diz que devido ao carácter de universalidade
que transportam, quer na forma, quer no conteúdo, quer em extensão e profundidade,
reconverte a principio ao próprio conceito de tecnologia, que é definido como
sendo “a realização de tarefas por entidades individuais ou colectivas,
envolvendo pessoas ou máquinas, suportadas por conhecimentos de carácter
científico ou outro tipo de conhecimento estruturado (...)” Pinto (2002:58).
Para
melhor compreendermos o que nos referimos anteriormente, importa aqui referir
que quando falamos da tecnologia, segundo Blanco & Silva (1993:38), falamos
de um termo remontando a téchne (um
saber prático direccionado para um fim concreto) e logos (um raciocínio que se lhe associa).
Kline
(1985 apud Reis 1995:48), descreve a tecnologia como artefacto: pessoas, máquinas
e recursos num sistema sociotécnico de manufactura. Conhecimento, técnica,
experiencias e método, como sendo um sistema sociotécnico de uso. Um sistema
que usa a combinação de “hardware” e pessoas para realizar tarefas que não
podiam ser executadas sem ajuda do sistema.
Quando
falamos em tecnologia, falamos num conceito com um potencial de mediar uma
relação inserida num circuito de comunicação, onde nessa inserção assume o
papel de meio, ou seja, o recurso físico ou técnico capaz de converter a mensagem
num sinal que pode ser transmitido ao longo de um canal. Sendo assim, o meio
assumirá uma categoria tecnológica no sentido em que o comunicador necessitará
de um equipamento de difusão que suportará a transmissão da sua mensagem, que
se chama média, que são suportes
materiais que tornam possível a comunicação. (Cloutier, 1975:24)
A
tecnologia passa então, a ser considerada como aplicação do conhecimento
científico na resolução de problemas. Daí que ao se falar de tecnologia,
estaremos perante algo que se situa entre a ciência e a técnica. Relacionando
as componentes teóricas associadas a primeira, e as execuções práticas da
segunda, sempre com objectivo orientado para resolver os problemas que o homem
foi encontrando.
III.
Uso das Tecnologias de Informação e
Comunicação na Sociedade
É certo que a evolução
da ciência e com ela a tecnologia que é parte integrante, tem tornado o ser
humano mais consciente da utilização das TIC no seu dia-a-dia. No entanto, a
tecnologia está em tudo, a toda hora e lugar, ela ajuda-nos e complica-nos como
pessoas e como sociedade e é importante estarmos atentos, de forma individual e
colectivamente para utiliza-la de forma sensata, equilibrada e inovadora.
De acordo com o que
dissemos anteriormente, esta ideia surge no âmbito de que “o uso fluente de uma
técnica envolve mais do que o seu conhecimento instrumental, envolve uma interiorização
das suas possibilidades e uma identificação entre as intenções dessa pessoa e
as potencialidades ao seu dispor”(Ponte,2000:74).
Ao se falar das TICs
nos dias que correm, recorre-nos palavras como internet, hiperdocumentos,
sistemas multimédia, e-mail, CD-ROM, DVD, vídeos interactivos, videotexto,
teletexto, televisão via satélite assim como a cabo, telemática,etc. Algo que
até a bem pouco tempo pertencia ao domínio de um certo número de pessoas e que
diferenciam das chamadas tradicionais, como jornal, rádio, televisão, projector
e que hoje, passa a ser do domínio do quotidiano.
3.1.
Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino
As necessidades do
ensino actual, diferem em grande medida das do passado, desde a organização
escolar até a matéria que os alunos têm de aprender. Dai que se caminha para
uma visão diferente daquela em que se podia ter o professor como um “detentor”
do saber. Assim, as TICs surgem como meios educacionais em que a escola precisa
de as integrar se não quiser ficar definitivamente isolada, pois, de acordo com
Blásquez (1995:72), os meios são importantes não só enquanto podem servir de
ajuda para melhorar a comunicação entre membros de uma turma mas também porque
os alunos encontram-se imerso num ambiente em que predominam os recursos
tecnológicos que exercem uma influência determinante na sua forma de conhecer,
de aceder a formas de pensamento e cultura externa ao sistema educativo e que
este não pode ficar alheia a esta nova realidade.
O uso das TIC oferece potencialidades imprescindíveis
a sociedade, na qual a educação faz parte. No entanto, as TICs podem oferecer
um espaço de profunda renovação às estruturas educativas em geral e em particular
às escolas o que implicaria no entanto, a adaptabilidade ou criação de novas
formas de trabalho para levar ao bom rumo o processo de ensino-aprendizagem.
A escola tem um papel
determinante na preparação e no desenvolvimento intelectual e humano para que
cada um saiba e tenha capacidade de discernir o que o afecta e o que deseja e
ai, a tecnologia vai desempenhar o seu papel quer a nível de comportamentos,
atitudes e valores, por um lado, e por outro, implicará que os professores
estejam atentos e façam uma reflexão sobre os avanços que a sociedade tem
assistido para responder as ansiedades dos alunos. Deste modo, encontram-se
traçadas linhas orientadoras sobre a aprendizagem e uso das tecnologias no Plano
Curricular de Ensino Secundário Geral moçambicano, que podem ajudar tanto os
estudantes como professores a desenvolverem competências necessárias para novos
desafios a que a sociedade nos coloca.
O recurso a tecnologia
de informação e comunicação será necessário como uma das componentes que a
escola poderá recorrer de forma a socializar os seus alunos sem no entanto,
descorar todos os métodos e estratégias que os docentes utilizam, pois será
todo esse conjunto de procedimento que irá determinar o tipo de interacção que
se estabelece como meios de ensino.
Contudo, devemos olhar
as TICs não como meros instrumentos de informação mas que condicionam
fortemente a ecologia comunicacional e os contextos educacionais das sociedades
favorecendo em certa medida, os processos de aquisição ou exploração do saber e
da aprendizagem. Silva (2005.)
3.2. Tecnologias de Informação e Comunicação no ESG
As inovações
tecnológicas alteram naturalmente o ambiente cultural e os processos de comunicação
e por esta via, a relação do homem como a apropriação e acumulação do
conhecimento. Vieram dar substância à necessidade de alterar o modo de ensinar
e aprender e não vieram como muitas vezes se pensa, revolucionar os processos
de ensino, mas introduzir enormes possibilidades de melhoria na prática
educacional, reformulando processos ou dando novas perspectivas aos
intervenientes do processo de ensino-aprendizagem.
O currículo do ESG,
como fizemos referência anteriormente, privilegia as tecnologias de Informação
e Comunicação na área curricular de Actividades Práticas e Tecnológicas, em que
justifica-se a introdução da disciplina de TIC, na perspectiva de tornar ESG
mais relevante e profissionalizante, para responder os desafios da globalização.
(MINED 2007). Neste contexto, a seguir, faremos uma análise do uso das TICs na
disciplina de Educação Visual no primeiro ciclo, de forma a perceber as orientações
e directrizes que são facultadas aos professores para o ensino desta
disciplina.
O currículo do ESG,
refere no seu preâmbulo que a “utilização das TICs constitui uma formação
transdisciplinar, a par do domínio da língua e da valorização da dimensão
humana e do trabalho” (INDE / MINED 2007). Esta afirmação leva-nos a crer que o
currículo deste nível de ensino, as TIC passa a estar presentes na acção
pedagógica de todas as disciplinas e áreas disciplinares. O desenvolvimento
dessas competências pressupõe que todas áreas curriculares actuem em
convergência.
VI. Considerações
Finais
Feito
a reflexão sobre a introdução das TIC no currículo do ESG, importa referir que
as TICs oferecem potencialidades imprescindíveis
a educação o que leva a que essa aprendizagem ao longo da vida seja equacionada
em função do desenvolvimento delas, traçando novos objectivos educacionais e
novas formas de trabalho para o processo de ensino-aprendizagem. Devemos
aceitar que vivemos numa sociedade dinâmica e que nos coloca novos desafios ao
sistema educativo, onde as TICs podem se tornar numa evidência a essas
mudanças.
Cabe-nos
ainda referir que o desenvolvimento curricular e programas de ensino se orientam
através de exigências educativas e necessidades de contexto real. Sendo o
currículo o conjunto de aprendizagens de interesse da sociedade transmitidas
pela escola pelo facto de fazer o enquadramento entre a sociedade e a instituição
de formação e o contexto de sua implementação, as TICs acompanham esse processo,
e apresenta no campo pedagógico, vantagens na medida em que estas permitem
traçar percursos individualizados em que cada aluno pode progredir de acordo
com o seu ritmo, para além de oferecer aos professores a possibilidade de
organizar mais facilmente as aprendizagens em turmas de nível heterogéneos.
Portanto,
em Moçambique o currículo do ESG coloca a disposição às “novas” Tecnologias de
Informação e Comunicação uma enorme quantidade de recursos de informação, comunicação
e produção baseados nos novos meio digitais, nas disciplinas de Desenho e
Geometria Descritiva Educação Visual.
VII.
Referências Bibliográficas
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BLASQUEZ, Florentino (1995).
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Editorial Marfil.
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·
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(2007). Plano Curricular do Ensino Secundário Geral: Objectivos, Políticas,
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Educação Visual e Tecnologia 5º e 6º anos – Livro do Professor. Porto Editora.
·
PONTE, João. (1997). As
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·
REIS. Maria Fátima. (1995).
Educação Tecnológica: a montanha pariu um rato? Porto. Porto Editora.